Mais um dia, mais uma noite, mais um mês e assim segue o
rumo.
Ele, se enche de alegrias paliativas na constante e
frustrante tentativa de alguma maneira, burlar no interior dele, algo que o faz
chorar por dentro, é, pois nem as lagrimas ultimamente tem saído para dar a ele
a presença do seu interior que está lá, em uma luta interna contra uma força
que o corrói lentamente, silenciosamente.
Ele ouvi musicas que outrora tocavam no ponto G do prazer
pela arte, mas ele, tem andado tão sem animo de uns tempos para cá. O que antes
ele fazia com prazer, hoje ele faz como se estivesse indo em direção de algo,
mas que nunca consegue alcançar.
A noite chega, e ele deseja intensamente que ela passe;
melancólico, ele vai para o banheiro, senta no vaso sanitário, acende um
cigarro, apaga as luzes, ao fundo, toca Radiohead, um cigarro já não o supre e
assim, vai mais uns.
Ao fim deste grito silencioso de tristeza e desesperança
iminente, tudo que ele conclui é que na chegada do sono, ele silenciosamente
adentre no outro plano afim de sair desta angustiante existência onde tudo se
tem, e nada o completa, afinal, como se completa as engrenagens existentes com
uma engrenagem que não se encaixa nele e que ainda por cima, sem dentes? E
assim, ele, no dia seguinte, faz tudo novamente e novamente e novamente... Eu, sou a companhia dele, sofro ao presenciar tamanho desolamento, mas não posso fazer nada, a não ser, ficar quieto, cantando, fumando, chorando... lado a lado, mas ai é que chega o paradoxo, ele e eu somos um só.